terça-feira, 28 de outubro de 2008

Crise, que nada! Oportunidade

Crise, que nada! Oportunidade

“Em ação coordenada, os bancos centrais ao redor do mundo cortam suas taxas de juros em meio ponto percentual. A medida inédita tem objetivo de conter a crise financeira internacional e evitar uma recessão econômica no mundo.” Esta foi a notícia de capa do jornal O Globo, dia 08 de outubro de 2008.

Poucos anos atrás, acharíamos impossível uma ação dessas. No entanto, a proposta de atuação conjunta aconteceu com países que já travaram guerras entre si. Diante da possibilidade de se deflagrar uma recessão mundial nunca antes vista, ao contrário do que estávamos acostumados, assistimos a um consenso em prol de uma causa: salvar o mundo de uma “quebradeira” sem precedentes. E tudo começou com o anúncio de que os EUA - o ícone do capitalismo - estavam em crise.

Estaríamos vendo o começo de um novo tempo para aprender a viver de outra maneira? Com proporções mundiais, em meio à crise, não estaria aí a oportunidade do ser humano começar a ver a vida, suas relações sociais, econômicas e de trabalho de uma nova forma?

Há algumas décadas podemos perceber que o olhar deixou de ser local. As religiões se proliferam e o número de pessoas em busca de um sentido maior do que o financeiro aumentou. E isso talvez tenha começado com o conceito de globalização. Uns foram contra, outros a favor. Mas não houve jeito de freá-la. Instalou-se. E com ela, a atenção para a necessidade mundial de cuidar do meio ambiente e o entendimento da responsabilidade individual, com o homem agindo para proteger o planeta das conseqüências das suas próprias ações.

Ao mesmo tempo, cresceu a responsabilidade social, onde indivíduos, sociedade e empresas se unem para fazer o que, antes, era delegado ao governo: cuidar dos menos favorecidos e desamparados. Sem dúvida que o momento pede ação. Individual, coletiva, global. O que move não é mais somente o seu e o nosso instinto de sobrevivência, mas sim o de garantir a sobrevivência dos descendentes. Pensar no mundo que deixaremos para os nossos filhos e netos deixou de ser papo para ecologista chato e de filósofo existencialista, para fazer parte das nossas mesas de jantar e das nossas reuniões de família e de trabalho.

Pensar no futuro não é mais para amanhã. O futuro chegou mais rápido do que prevíamos, nos pegou de surpresa e às vezes chega a amedrontar como um vilão de um filme de suspense. Neste contexto, os mais pessimistas diriam: é o fim do mundo não há o que fazer. Os otimistas, como eu, lembram: quando você nasceu havia apenas uma chance em um milhão e você nasceu. Portanto o que parecia impossível em termos racionais aconteceu. Logo, é claro que é possível ser um agente transformador e fazer algo para mudar.

Como o nosso interior se reflete no exterior, comecemos por nós. É hora de sermos mais complacentes, mais pacíficos no nosso dia-a-dia. É o momento de aprendermos a exercer a solidariedade, a compaixão e, sobretudo o amor por nós e ao próximo. Lembrando que amor não é sentimento, e sim, comportamento e escolha. Esta é a real oportunidade que existe ante a crise. Crescermos por dentro e tirarmos dela o que melhor houver em nós.
Lembrando as palavras de Krishnamurti, “Deve haver - e penso que há - um diferente acesso à existência, uma diferente maneira de viver, sem esta batalha, sem este medo, sem estes deuses já de todo insignificantes, sem estas ideologias - comunistas ou religiosas - que já quase nada significam. Parece-me que deve haver uma diferente maneira de viver... já que a crise se verifica na consciência; não é econômica ou social”. Afin