Por Deborah Leite
Uma super ação, este é o sentido de superação. Quando superamos o que nos parecia impossível, diante da dor, estamos nos super ajudando a agir para mudar.
É bem verdade que a vida é cheia de ganhos, graças e bênçãos. E também é verdade que as perdas fazem parte do viver. Contabilizando, chegamos, muitas vezes, a conclusão de que os momentos de tristeza são mais numerosos do que os alegres. Não sei o porquê, mas, parece que fomos educados para valorizar mais a dor do que o sabor.
No entanto, a capacidade de superar as perdas vai definir a nossa tendência de ir ou não na direção de sermos felizes, apesar delas continuarem a existir. Saber perder não se ensina em casa, nem na escola. Pelo contrário, somos educados para vencer, embora seja certo que iremos, em algum momento, perder. Um paradoxo, difícil de conviver, até que se tenha um mínimo de compreensão da complexidade da vida. Você lembra qual foi a primeira vez que perdeu algum objeto ou pessoa? Estava preparado para isso? Certamente que não. Assim vivemos: como se nunca fôssemos morrer, competindo como se nunca fôssemos perder e nos arriscando em novos empregos ou novos amores, como se fossem eternos.
Perder ou ganhar são subjetivos: toda perda traz algo de novo em si mesma e para ganhar, se faz necessário, na maioria das vezes, que se perca algo. E aí, no que vem a porrada, ela te pega de saia justa, num momento inoportuno e leva de ti o que antes, nem tivera pensado em perder. É isso e pronto. Não tem conversa, não tem negociação, não tem, mas, nem, porém. Já foi! Já é, como se diz na gíria.
Então, o que nos resta? Aprender com a dor? Conformar-se com ela? Arrepender-se? Virar a página? Catar os cacos e sair pela porta de trás, sem querer voltar? Esconder-se de si mesmo? Ou dos outros? Buscar compreender ou reconhecer a própria ignorância? Seja o que for ou significar para você esta perda, o que fará a diferença está relacionado à sua capacidade de superar e ao grau de resiliência que desenvolveu. Resiliência é um termo da física que trata da capacidade de materiais resistirem a choques. Hoje, muito usado por psicólogos e profissionais de RH, neste contexto, representa a capacidade do ser humano de sobreviver a um trauma.
Relacionado à resistência do indivíduo face às adversidades, a resiliência não está vinculada somente a resistência física, mas à visão positiva de reconstruir a vida, a despeito de algum acontecimento negativo que influenciou negativamente a vida. Por isso, um dos atributos das pessoas resilientes é a capacidade de garantir sua integridade, mesmo nos momentos mais críticos.
Os jogos Paraolimpicos são uma boa vitrine para enxergarmos melhor esta capacidade de resistir aos infortúnios da vida e dar a volta por cima. É claro, que exigindo esforço e muita força de vontade. Além da capacidade de focar no positivo, buscando a luz, mesmo que se encontre num apagão temporário do seu ser.
Superar perdas de entes queridos, financeiras, de objetos de valor sentimental, de amigos ou do emprego requer de nós uma forte capacidade de sobrevivência. E, mais do que isso, a de buscar a felicidade e começar de novo através de uma super esforço de ação, de recomeçar resistindo da melhor forma aos embates existenciais.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
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